Ansiedade - O Que é? Como acontece? Como superar?

A ansiedade é uma das condições emocionais mais discutidas e enfrentadas na atualidade, impactando milhões de pessoas ao redor do mundo. Apesar de comum, ela é, para muitos, uma experiência solitária, desgastante e até debilitante. Neste post, vamos aprofundar nosso entendimento sobre essa "aliada oculta". O que ela realmente é? Suas causas, sintomas e, acima de tudo, como podemos combatê-la e alcançar uma vida mais equilibrada?

Brena psicóloga

O que é a ansiedade e por que ela surge?

A ansiedade é uma resposta emocional que surge em situações de estresse e de ameaça – ela está ligada ao nosso instinto de autopreservação e segurança. Assim como o medo, a ansiedade serve, em muitas situações, como uma ferramenta para nos deixar alertas e preparados para lidar com possíveis perigos. No entanto, ao se tornar persistente, intensa e constante, a ansiedade pode se transformar em um transtorno psicológico, trazendo sofrimento emocional, físico e limitando a qualidade de vida.

A diferença entre medo e ansiedade é essencial para entender essa condição: o medo é uma reação a um perigo imediato e concreto (por exemplo, ver um carro descontrolado vindo em nossa direção), enquanto a ansiedade é uma antecipação de uma ameaça futura, real ou imaginária. A mente fica em constante alerta, antecipando problemas e resultados negativos, o que sobrecarrega o corpo e a mente, fazendo com que as respostas de defesa natural do organismo, como o aumento dos batimentos cardíacos, fiquem ativas sem necessidade.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que cerca de 264 milhões de pessoas sofram com transtornos de ansiedade em todo o mundo. Esses números são especialmente elevados em sociedades urbanas e entre jovens adultos, devido ao ritmo de vida acelerado, pressões sociais e econômicas, e à hiperconectividade digital, que pode, paradoxalmente, agravar o isolamento e o estresse.

Tipos de ansiedade: a importância de saber reconhecer os diferentes transtornos

A ansiedade não se manifesta da mesma forma para todos e, por isso, é dividida em diferentes tipos. Cada um deles apresenta suas próprias características, mas todos envolvem a sensação de apreensão intensa. Conheça os principais tipos:

1. Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)

Pessoas com TAG sentem uma preocupação constante e excessiva com situações comuns da vida cotidiana, como finanças, trabalho, relacionamentos ou saúde. Esse estado de preocupação é difícil de controlar e pode ser acompanhado de sintomas físicos como fadiga, dores musculares e dificuldades para dormir. É como se a pessoa estivesse sempre “esperando o pior”, o que gera um estado crônico de tensão.

2. Transtorno do pânico

O transtorno do pânico é caracterizado por ataques de pânico recorrentes e inesperados. Esses ataques são episódios de medo intenso que duram minutos, mas são acompanhados de sintomas físicos fortes, como palpitações, sudorese, tremores, falta de ar e sensação de morte iminente. Depois de um ataque, muitas pessoas vivem com medo constante de sofrer outro, o que leva à antecipação e, muitas vezes, à evitação de situações sociais.

3. Fobia social

Também chamada de transtorno de ansiedade social, a fobia social envolve uma ansiedade extrema em situações de interação social, com medo intenso de serem julgadas, humilhadas ou rejeitadas pelos outros. Pessoas com fobia social podem evitar situações comuns, como falar em público, conhecer novas pessoas ou até mesmo comer em público, o que acaba gerando um ciclo de isolamento e sofrimento.

4. Fobias específicas

Essas fobias envolvem medos intensos e irracionais de objetos ou situações específicas, como alturas, espaços fechados, agulhas, animais ou voar de avião. Para pessoas com fobias específicas tendem a ter dificuldades e a mera ideia de se deparar com o objeto do medo já provoca uma resposta de ansiedade, fazendo com que elas evitem diversas situações.

5. Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)

O TOC é caracterizado pela presença de obsessões e compulsões. As obsessões são pensamentos, imagens ou impulsos recorrentes e indesejados que causam ansiedade. Já as compulsões são comportamentos repetitivos que a pessoa sente que precisa realizar para tentar aliviar essa ansiedade. É o caso, por exemplo, de pessoas que precisam conferir várias vezes se trancaram a porta, ou que têm rituais específicos de limpeza.

6. Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT)

O TEPT surge em pessoas que vivenciaram eventos traumáticos, como abuso, acidentes, guerras, desastres naturais e traumas emocionais. As pessoas com TEPT, revivem o trauma constantemente por meio de flashbacks, pesadelos e memórias indesejadas. Essa constante exposição ao trauma causa um estado de ansiedade severo, fazendo com que evitem situações que possam lembrá-las do evento.

Sintomas da ansiedade: como ela se manifesta?

Os sintomas da ansiedade vão além do desconforto mental. Eles se dividem em sintomas psicológicos e físicos e variam de intensidade de pessoa para pessoa. Aqui estão alguns dos sinais mais comuns:

Sintomas Psicológicos


* Preocupação excessiva e recorrente;
* Irritabilidade e impaciência;
* Sensação constante de perigo iminente;
* Falta de concentração e distração;
* Pensamentos catastróficos;
* Dificuldade em relaxar ou permanecer calmo.

Sintomas Físicos


* Tensão muscular e dores no corpo;
* Aceleração dos batimentos cardíacos (taquicardia);
* Sudorese e tremores;
* Sensação de falta de ar;
* Boca seca;
* Dores de cabeça e tonturas;
* Fadiga e exaustão;
* Problemas gastrointestinais (como náuseas e dores no estômago).

Esses sintomas, quando persistentes, acabam comprometendo a qualidade de vida, a produtividade e o bem-estar físico e emocional.

Como a ansiedade afeta o corpo e a mente?

A ansiedade, ao ativar o sistema nervoso autônomo, aciona o mecanismo de "luta ou fuga", uma resposta natural a situações de perigo. Esse mecanismo prepara o corpo para reagir ao perigo, aumentando a frequência cardíaca, liberando adrenalina e cortisol (hormônios do estresse) e redirecionando o fluxo sanguíneo para os músculos.

Em uma situação de ansiedade crônica, a ativação constante gera um estado de alerta permanente, desgastando o organismo e afetando diretamente a saúde. Alguns dos efeitos de longo prazo da ansiedade são:

* Problemas cardiovasculares: a exposição crônica a níveis elevados de cortisol e adrenalina aumenta o risco de hipertensão e doenças cardíacas.
* Comprometimento imunológico: o estresse contínuo suprime o sistema imunológico, tornando o corpo mais vulnerável a infecções e doenças.
* Transtornos gastrointestinais: a ansiedade pode provocar problemas como síndrome do intestino irritável, dores abdominais e até úlceras.
* Distúrbios do sono: a insônia e o sono de má qualidade são problemas frequentes para pessoas ansiosas, agravando o quadro de cansaço e irritabilidade.

O que causa a ansiedade?

A ansiedade é multifatorial, surgindo de uma combinação de fatores genéticos, biológicos, psicológicos e ambientais.

Fatores genéticos

Estudos indicam que a ansiedade pode ter um componente hereditário. Pessoas com histórico familiar de transtornos de ansiedade têm uma predisposição maior para desenvolver essa condição.

Desequilíbrios químicos

Os neurotransmissores, como a serotonina, dopamina e o ácido gama-aminobutírico (GABA), estão envolvidos na regulação do humor e do comportamento. Desequilíbrios nesses neurotransmissores podem contribuir para o surgimento e agravamento da ansiedade.

Experiências de vida

Experiências traumáticas e adversas, principalmente durante a infância, são um fator de risco significativo para o desenvolvimento de transtornos de ansiedade. Pessoas que sofreram abusos, perdas e negligências na infância podem ter uma maior vulnerabilidade à ansiedade.

Fatores ambientais e sociais

O estresse cotidiano, pressões sociais, problemas financeiros e relacionamentos problemáticos também são fatores de risco. O aumento do uso de redes sociais e a exposição a situações de comparação constante podem intensificar a ansiedade, especialmente em adolescentes e jovens adultos.

Personalidade e estilos de enfrentamento

Alguns traços de personalidade, como o perfeccionismo e a sensibilidade emocional, estão associados a uma maior predisposição à ansiedade. Pessoas que têm dificuldades para lidar com a incerteza ou que evitam situações de risco tendem a ser mais ansiosas.

Como tratar e lidar com a ansiedade?

O tratamento da ansiedade pode ser realizado de forma eficaz com uma combinação de abordagens. Aqui estão algumas das estratégias mais utilizadas e eficazes:

Psicoterapia

Durante o tratamento, o foco é ajudar ao paciente, ter consciência de como a ansiedade se manifesta no corpo, nas emoções e nas suas ações, explorando as formas como a pessoa lida com as sensações no momento presente. A terapia busca fortalecer a capacidade de vivenciar e integrar suas experiências, ajudando a acolher e transformar a ansiedade em energia criativa e adaptativa.

Medicamentos

Em alguns casos, o uso de medicamentos é recomendado para ajudar a controlar os sintomas. Entre os mais comuns estão os ansiolíticos, que ajudam a acalmar os sintomas de curto prazo, e os antidepressivos, que agem ao longo prazo para equilibrar os neurotransmissores e reduzir os sintomas de ansiedade. É essencial que o uso desses medicamentos seja feito sob orientação médica.

Mudanças no estilo de vida

Hábitos saudáveis têm um papel fundamental no controle da ansiedade. Praticar exercícios físicos regularmente, ter uma alimentação balanceada e manter uma rotina de sono adequada são ações que ajudam a reduzir o estresse e a melhorar o humor.

Técnicas de relaxamento e mindfulness

Práticas como meditação, yoga, respiração profunda e mindfulness ajudam a acalmar a mente e reduzir a ativação do sistema nervoso. O mindfulness, que é a prática de estar consciente e presente no momento, mostrou-se especialmente eficaz no combate aos sintomas de ansiedade.

Apoio social

Uma rede de apoio é fundamental. Conversar com amigos e familiares sobre seus sentimentos ajuda a reduzir a sensação de isolamento e oferece uma fonte de conforto e apoio emocional.

Estratégias práticas para lidar com a ansiedade no dia a dia
1. Organize suas atividades: ter controle sobre o seu tempo e evitar a procrastinação ajuda a reduzir a sensação de sobrecarga.
2. Estabeleça limites: dizer “não” é importante para evitar o esgotamento. Respeite seus limites emocionais e físicos.
3. Exercite-se regularmente: A atividade física regular é um dos maiores aliados no combate à ansiedade.
4. Pratique atenção ao presente: lidar com a ansiedade é aprender a se conectar com o momento presente. O mindfulness pode ser uma ferramenta poderosa.
5. Aceite suas limitações e sua ansiedade: a aceitação é uma forma de aliviar a pressão. Lembre-se de que é natural sentir ansiedade e que você está no caminho certo ao aprender a lidar com ela.

Quando procurar ajuda profissional?

Se você sente que a ansiedade interfere significativamente na sua vida, impactando seu trabalho, relacionamentos ou bem-estar, buscar ajuda é essencial. A ansiedade é uma condição tratável, e com o suporte certo, é possível aprender a controlá-la e a viver com mais qualidade de vida.

Conclusão

A ansiedade é uma condição comum, mas que pode ser debilitante se não for tratada. A chave está no autoconhecimento, no apoio profissional e na prática de estratégias de enfrentamento. Independentemente da intensidade da sua ansiedade, lembre-se de que você não está sozinho e que existem formas eficazes de enfrentar e superar essa condição.

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